Algumas dicas
Waldney de Souza Rodrigues Costa[1]
Neste texto, pretendo fornecer algumas dicas a calouros de bacharelados interdisciplinares, mas principalmente aos calouros do bacharelado interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG. O meu intuito é fornecer um pouco dos bastidores do curso e explicar algumas regras que não estão escritas em lugar nenhum para facilitar a vida deste calouro. Darei dicas sobre a estrutura do curso, o que é preciso fazer para se formar, como cumprir as grades, entre outras coisas. Para aqueles que estão apressados e querem logo as dicas práticas, recomendo pularem a primeira parte do texto e irem direto para a segunda, onde efetivamente dou essas dicas. Mas, quem se interessar pela discussão sobre a carreira do curso, sugiro que leia a primeira parte, na qual farei uma apresentação sobre o impacto do BI (como o chamamos) na minha formação, buscando colocá-lo em uma perspectiva maior do campo científico.
De imediato cabe ressaltar que este texto não é uma discussão científica sobre assunto algum, apenas a reflexão de um ex-aluno do curso, que talvez possa contribuir para futuras decisões dos que agora ingressam. Algumas dicas fornecidas não têm o intuito de criar um juízo de valor sobre o curso, apenas sugerir caminhos para que os calouros não cometam as mesmas gafes que eu e outros colegas cometemos, atrasando a nossa formação. Para os calouros de outros bacharelados interdisciplinares talvez o texto seja interessante para perceber a dinâmica deste modelo de curso, embora haja muitas diferenças de uma universidade para outra.
DICAS SOBRE A CARREIRA DE UM BACHAREL INTERDISCIPLINAR
Desde 2010, para se formar em Ciências Sociais, Ciência da Religião ou Turismo pela UFJF se tornou necessário formar-se primeiro no bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas. Este bacharelado também fornece a possiblidade de ingressar no curso de Filosofia no segundo ciclo, embora o departamento desta disciplina ainda continue oferecendo a formação em Filosofia sem passar pelo BI. Inicialmente, esta nova realidade causou alguns transtornos para os ingressantes. Recordo as incansáveis queixas dos nossos colegas que queriam ir direto para o Turismo, mas “infelizmente” tinham que fazer o BI antes. Esta reação negativa se repetia entre outros que desejavam Ciências Sociais, Filosofia ou Ciência da Religião. Para aqueles que já tinham uma carreira em mente, o BI era um problema.
Bem é verdade que as críticas ao BI começaram bem antes do curso iniciar. Quem não se lembra das passeatas dos alunos do currículo antigo contra o Reuni. Até hoje, alunos de História e Geografia fazem, de tempos em tempos, movimentos deste tipo para impedir que estes cursos entrem no sistema do BI. E devo admitir que realmente existem alguns problemas embutidos na proposta. Algumas turmas ficam lotadas, com quase 100 alunos e as aulas ficam parecendo palestras. Mas é isso mesmo, “algumas”. No caso da UFJF, a maioria, continua do mesmo jeito. O que realmente muda é o fato de surgirem turmas mais heterogêneas. Durante a minha graduação, cursei disciplinas com pessoas de outros períodos e de outras graduações. Isso pode ser um problema, pois cria-se um dificultador para a aula. O professor precisa ter maior sensibilidade, pois está lidando com alunos de diversos níveis e o aluno tem que ficar esperto, por que se insere em debates que ultrapassam a disciplina, o que o faz ter que estudar muito por fora se quiser dar conta. Contudo, para além dos problemas, quero apresentar o que aconteceu comigo.
Pra mim, o BI não era nada, mas ao mesmo tempo era tudo o que eu tinha naquele momento em que ingressei. Eu queria seguir uma carreira acadêmica, mas não sabia direito por onde começar. Eu tinha terminado um curso superior de Teologia[2], mas que não era reconhecido pelo MEC, por isso não me dava a oportunidade de fazer ingressar em uma pós-graduação. Se eu quisesse isso, deveria convalidar a minha graduação em teologia em outra faculdade. Eu comecei a convalidação por uma faculdade de Vitória, ES. Neste curso eu realizaria atividades a distância e, de tempos em tempos, algumas provas presenciais. Pelos meus cálculos, em dois anos eu teria meu diploma e assim tentaria a seleção do mestrado em Ciência da Religião da UFJF.
Mas havia um problema. Eu não conhecia o que era um mestrado. Não sabia muito sobre o que era Ciência da Religião, apesar de ser formado em Teologia. Foi neste período que abriram as primeiras vagas do BI. Na época, o ingresso ainda era pelo vestibular[3]. Vislumbrei ali uma oportunidade de continuar estudando sobre religião, visto que eu teria a chance de cursar algumas disciplinas que tinham os mesmos nomes das oferecidas na especialização em Ciência da Religião, sem precisar ter um diploma reconhecido pelo MEC. É por isso que digo que, ao mesmo tempo em que o BI não era o meu objetivo inicial, foi a melhor oportunidade que tive para fazer o que eu queria. Eu podia ir cursando estas disciplinas até a minha convalidação sair e eu tentar o mestrado.
É com uma carreira assim bem definida que alguns jovens passam pelo BI. Por isso, ficam frustrados quando ficam agarrados em disciplinas que não lhes interessam simplesmente por que não pertencem ao curso que querem fazer no segundo ciclo. Veem o BI como um caminho não um fim. Minha impressão é que os mais frustrados são os alunos do Turismo. Eles querem ir logo para as disciplinas do seu curso, não querem filosofias e ciências, apenas técnicas para ingressar o mercado de trabalho. Mas, no meu caso o BI ganhou uma nova dimensão à medida que eu o cursei.
Enquanto eu estava no BI, fui fazer o que eu tinha que fazer, cumprir os créditos. Num primeiro momento, isso era frustrante. Imagine um estudante de religião, estudando sobre turismo e lazer, parecia que não tinha nada a ver. Engano meu. Para ingressar no mestrado, eu precisava escolher um tema para escrever o meu projeto de dissertação e uma metodologia para estudá-lo. Foi aí que o BI fez toda a diferença. Hoje, eu estudo vivências de lazer de jovens evangélicos utilizando o método etnográfico. Estou estudando a religião através de um tema do turismo, por meio de um método das ciências sociais. E isso não pode ser feito sem uma parcela de reflexão filosófica. Como se pode ver, meu projeto de mestrado, recentemente aprovado na banca de qualificação, nasceu do BI, é reflexo dele. Sem ele, não teria chegado até aqui, hoje eu não teria conseguido meu vínculo com a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e seria um aluno bem menos consciente do que são as ciências humanas.
A proposta interdisciplinar é para que o aluno tenha contato com vários conteúdos e, assim, consiga captar ideias que atravessam disciplinas. Se você pensa que isso não tem importância alguma, não sabe como é a frustração de um turismólogo ao se deparar com um conflito entre índios e turistas nas praias do Espírito Santo, por exemplo, e perceber que deveria ter cursado mais disciplinas de Antropologia. Ou então, dos cientistas políticos que se deparam com o advento de um pastor evangélico à frente da comissão de direitos humanos e não entende nada sobre religião. Ou, então, do historiador que se depara com um fenômeno que não deixou documentos históricos, e precisa fazer uma profunda reflexão filosófica sobre seus métodos, mas não cursou disciplina nenhuma de Filosofia. É assim que acontece na prática. Os fenômenos se entrecruzam e a realidade exige interdisciplinaridade.
Hoje percebo o valor de uma graduação interdisciplinar. Para além dos meus envolvimentos pessoais com o curso, que muito excede o meu projeto de mestrado (visto que conheci a Fernanda durante o curso e com ela me casei), os benefícios são múltiplos e compensam algumas frustrações. Eu acabei percorrendo a UFJF e conhecendo os diversos departamentos. Por isso deixo uma dica quanto à carreira dos calouros que agora ingressam: Não olhem esta graduação com desdém. Você vai aprender muitas coisas que nem sabia que existiam. Se existe uma coisa que um bacharelado interdisciplinar é eficiente em ensinar é a aprender. E aprender a aprender é um imperativo deste novo mundo em que vivemos, em que o mercado de trabalho é cada vez mais fluido, exigindo profissionais cada vez mais versáteis. Se você acha que a sua jornada de estudos termina quando você pega um diploma, está muito enganado. Apenas começou.
DICAS SOBRE O B. I. DA UFJF
Sobre a realidade do BI da UFJF, devo lembrar que existe uma estrutura curricular que deve ser seguida. É possível acessá-la através do manual do estudante no site do curso (https://www.ufjf.br/bach/files/2011/10/Manual-do-Estudante.pdf ). As dicas que eu forneço aqui dizem respeito a como estava o curso quando foi aprovado pelo MEC, em 2013. Pode ser que depois disso tenha ocorrido alguma alteração. De maneira geral, pode-se resumir as obrigações do calouro em três maiores tarefas que ele deve cumprir durante a graduação: ser aprovado em disciplinas, cumprir créditos “extraclasse” e escrever um artigo, que será seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Tomemos então uma a uma:
Sobre a aprovação em disciplinas
Para conseguir o diploma de bacharel em Ciências Humanas pela UFJF, você têm que cumprir pelo menos 23 disciplinas, sendo apenas 1 obrigatória. Nada impede que você curse mais disciplinas, mas este é o mínimo Isso quer dizer que se você não cursar pelo menos 5 disciplinas por semestre, não irá terminar o curso em 2 anos e meio.
Ainda tem um agravante. Quando se ingressa no BI, inicialmente você é matriculado em 5 disciplinas pré-selecionadas para o primeiro semestre, mas nos semestres seguintes é o aluno que faz seu currículo. As 5 primeiras são Introdução à Filosofia, Estudos Culturais, Mobilidades Contemporâneas, Prática de Gêneros Acadêmicos e Humanidades como Campo de Conhecimento. Cada uma corresponde a um dos campos iniciais do currículo que você deverá preencher. Quando o aluno vai para o segundo semestre (e assim por diante), deve se matricular de forma a preencher o currículo. Sempre haverá aquela correria para decidir em que disciplina se matricular. Por isso, não adianta se matricular em qualquer disciplina, tem que preencher os requisitos. A divisão fica assim:
4 de Cultura e Sociedade
4 de Tempo e Espaço
4 de Filosofia e Ciência da Religião
4 de Letras e Artes
2 de Formação Científica
5 da área de formação (Turismo, Ciências Sociais, Ciência da Religião ou Filosofia)
(além da disciplina Humanidades como campo de conhecimento, a obrigatória)
Os calouros geralmente confundem os campos com os códigos das disciplinas. Estes campos são divididos por áreas afins e não por departamentos do instituto. Isso significa que não é por que uma disciplina tem a sigla TUR que ela pertença ao campo Tempo e Espaço. A disciplina Fundamentos do lazer, por exemplo, pertence ao campo Cultura e Sociedade. A disciplina Leituras Etnográficas, embora tenha um código CSO, não pertence ao campo Cultura e Sociedade e sim a Formação Científica. Você tem que checar a que campo a disciplina pertence.
E outra coisa, é bom dar preferência às disciplinas da área que se pretende seguir. No caso do Turismo, algumas discilinas do BI serão exigidas como obrigatórias. No entanto, não vai adiantar você cursar somente disciplinas TUR. Você ainda não está no bacharelado em turismo, terá que terminar o BI. Isso serve para as outras áreas também. É impossível terminar um bacharelado interdisciplinar sem percorrer “entre disciplinas”. O currículo vai te obrigar a isso. Porém, não é necessário transformar isso em uma penitência. Há uma gama de possibilidades de matrícula em disciplinas. Até porque, não são oferecidas apenas disciplinas dos departamentos que aderiram ao BI. Se o aluno se familiarizar com a área de Artes, por exemplo, poderá cumprir um dos campos com as disciplinas de lá, tais como Ergonomia, História da Arte, História do Cinema, entre outras. Eu não optei por isso, e cursei três disciplinas de inglês para cumprir este campo, já que é “Letras e Artes”. Esta é uma boa opção. Segue abaixo os códigos de algumas destas disciplinas, caso alguém queira se matricular nos próximos semestres:
Inglês 1 UNI 001
Inglês 2 UNI 002
Inglês 3 UNI 003
Francês 1 UNI 004 Turmas A, B, C, Q, P e O (na FacLet)
Francês 2 UNI 005
Francês 3 UNI 006 Turmas M e N (no ICH)
Espanhol 1 UNI 007
Espanhol 2 UNI 008
Espanhol 3 UNI 009
Há outras línguas como latim, grego, libras, entre outras. Como se pode perceber, o código UNI indica que estas disciplinas são abertas a qualquer curso. Geralmente, há muitas turmas, inclusive aos sábados pela manhã, que são as turmas O e P. A matrícula em disciplinas assim é muito tranquila, você insere o código no SIGA e aguarda a confirmação. Mas tem que ser nos primeiros dias, pois as vagas delas acabam rapidamente.
Quanto a disciplinas de outros departamentos, a matrícula não é tão simples. Se não houver vagas reservadas para o BI, você tem que pedir. Aí o aluno deve-se dirigir ao departamento da disciplina que deseja e pedir uma vaga para o seu curso que será o 72A ou 73A, dependendo da sua matrícula. Depois de conseguir a transferência de vaga, deve imediatamente se dirigir a secretaria do seu curso e se matricular, pois corre o risco de outro aluno se matricular antes dele e ocupar esta vaga.
Darei um exemplo prático. Eu precisava de créditos no campo “tempo e espaço”, mas não havia disciplinas disponíveis no horário que eu podia fazer. Depois que passou o primeiro período de matrículas, eu descobri uma disciplina chamada História econômica que, obviamente, era oferecida aos alunos do curso de história. Então, eu fui a este departamento e pedi para me matricular, como não tinha pré-requisito algum e havia vagas disponíveis, o coordenador do curso de história aceitou, mas não podia fazer a minha matrícula. Então ele transferiu a vaga e eu logo procurei o Daniel, então secretário do BI, para me matricular. Tudo deu certo. Parece confuso, mas com um tempo a gente se acostuma.
Agora, existe um detalhe que poucos conhecem. No último dia de ajuste de matrículas com o coordenador acontece o que chamamos de “bolsão”. É quando o coordenador consegue matricular o aluno em qualquer disciplina, desde que tenha vaga (e não tenha pré-requisito, claro). Aí não é necessário mais pedir a transferência de vagas. Muita gente consegue se matricular em disciplinas diversas neste dia, talvez seja um bom recurso, caso seja difícil o acesso aos coordenadores que fazem a transferência. Mas uma dica que eu dou é que se evite se matricular sozinho em uma disciplina que não é do BI. Se o professor der algum trabalho em grupo, o aluno pode ficar perdido, pois está em outra turma. Se você encontra algum colega que também precise fazer a disciplina, você já consegue uma companhia para uma situação destas. Mas quando não tem jeito, a gente acaba matriculando sozinho mesmo e aí tem que fazer mais amizades, o que também não é tão ruim. É muito dinâmico. Eu particularmente, gosto disso. Mas preste atenção ao utilizar o "bolsão", se entrar em uma disciplina que pressupõe conhecimentos de outra, ela lhe será muito dificil. Cursar Antropologia Brasileira sem ter cursado Introdução à Antropologia, por exemplo, pode se tornar uma tarefa complicada, visto que é preciso conhecer algumas vertentes teóricas clássicas antes de analisar como os antropólogos brasileiros se vinculam a elas.
Ainda sobre as disciplinas, cabe considerar que nenhuma disciplina cobre dois campos do currículo. No meu tempo, muitos calouros pensavam que uma disciplina como Leituras etnográficas, cobria o campo de Formação Científica, e também servia para cobrir o campo da área de formação, já que tinha o código CSO. O que acontece é que ou cobre um, ou cobre outro. As cinco disciplinas da área de formação são pré-selecionadas, como disciplinas de transição. São oferecidas no BI, mas são estruturadas pelos departamentos do segundo ciclo (TUR, CIR, CSO e FIL). No caso das ciências sociais, as disciplinas eram: Introdução à Antropologia, Introdução à Ciência Política, Introdução ao pensamento sociológico, Pensamento Social Brasileiro e Metodologia Científica, todas com a sigla CSO. Se o aluno usar uma destas disciplinas para cobrir créditos de outros campos, terá que substituir por outra CSO. Acontece muito de Metodologia Científica ser utilizada no campo de formação científica e os alunos a substituírem por outra, como Indivíduo, Cultura e Sociedade. Isso também valia para outros departamentos.
Por fim, também é importante chamar a atenção para o fato de que não há nenhuma ordem pré-estabelecida para cumprir os créditos. Até mesmo a disciplina obrigatória pode ser cursada a qualquer momento. Desta maneira, o aluno tem até seis anos e meio para terminar o BI. Se não estiver com pressa de pegar o diploma, poderá ser bem seletivo quanto às disciplinas que quer cursar e fazer um currículo todo a seu modo. Mas tem um agravante. O coordenador no curso pretendido no segundo ciclo pode negar vagas nas disciplinas específicas a quem está muito atrasado com o BI. Assim, se você não terminar as obrigações para com o BI, ficará impedido de progredir com o segundo curso. É verdade que alguns coordenadores liberam as vagas, mas eles podem vetar, se quiserem. Não conheço nenhuma regra quanto a isso. No meu tempo, os que pretendiam graduar em ciências sociais cursavam disciplinas do segundo ciclo enquanto ainda estavam no BI, mas os que pretendiam o Turismo, ficaram agarrados, tendo acesso restrito às disciplinas do segundo ciclo. Isso por que não tinha cumprido as obrigações. Mas estas, não se limitam às disciplinas, como demonstrarei a seguir.
Sobre os créditos “extraclasse”
Não basta ser aprovado em disciplinas, o aluno tem que cumprir créditos fora das disciplinas, o que eu chamo de “extraclasse”. É possível fazer isso de várias maneiras, destacarei quatro: atividades extraclasse, cursos em sites reconhecidos, participação em eventos acadêmicos ou curso de disciplinas à distância.
Algumas disciplinas realizam visitas técnicas que envolvem atividades extraclasse. Estas atividades podem servir de créditos extras. O aluno precisa de uma declaração, assinada pelo professor desta disciplina, informando o seu registro. É só pegar um modelo na secretaria. Nele você vai informar a quantidade de horas que ganhou. Para somar todos os créditos necessários, você precisa de 60 a 120 horas.
Como nem todas as disciplinas envolvem estas atividades, talvez seja necessário apontar outros caminhos. Um deles são os cursos on line. Na secretaria, o aluno pode saber quais os sites que oferecem cursos que o BI reconhece. Estes cursos geralmente são rápidos (menos de um mês) e o aluno consegue créditos extras, que são muito úteis para completar a grade.
Outra forma, que é muito interessante é participar de eventos acadêmicos. A vida acadêmica, não se resume às salas de aula. Durante o ano todo acontecem eventos de todo tipo, como a Semana do Turismo, Semana de Ciência da Religião ou a Jornada de Ciências Sociais. O aluno pode fazer a sua inscrição e participar deles, ganhando os certificados, que serão úteis para cumprir os créditos. A quem interessar, em outubro de 2014, estou organizando a 3ª Semana de Ciência da Religião, que acontecerá no ICH. Além do certificado de participação, estaremos oferecendo alguns minicursos, cujos comprovantes também servem.
Além destes três caminhos, há outra possibilidade que pode ser interessante àqueles que trabalham. São as disciplinas à distância. Estas disciplinas são do projeto de universalização da informática. Elas são cumpridas no sistema MOODLE, que é integrado ao SIGA. As disciplinas são rápidas, terminam em um mês. Durante 4 semanas, o aluno recebe atividades para cumprir, que servem para aferir a presença e a pontuação. Ele tem uma semana para realizar cada atividade e assim somar o ponto e a frequência. Pode realizá-la a qualquer momento da semana, por isso é interessante para quem tem dificuldades com o horário, como os alunos do curso noturno. Ao final, se faz uma prova presencial que geralmente é no anfiteatro do ICE, mas recebe-se todas as informações pelo sistema. Estas disciplinas são de 1 crédito, por que têm a carga horária mais baixa. Cursando 4 delas, o aluno cumpre o mínimo de créditos extras exigidos pelo BI. Segue abaixo a lista dos códigos:
UNI101 - Fundamentos da Computação;
UNI102 - Editoração Eletrônica de Documentos; (Word)
UNI103 - Planilhas Eletrônicas; (Excel)
UNI104 - Internet e suas Aplicações;
UNI105- Editoração Eletrônica de Apresentações; (PowerPoint)
UNI106 - Banco de Dados;
UNI107 - Introdução ao Linux;
UNI108 - Introdução ao HTML;
UNI109 - Editoração de Imagens; (CorelDraw)
UNI110 - Editoração de Fotos (photoshop)
UNI111 - Gestão de Projetos.
Todas são com a turma A.
Sobre o TCC
Por fim, mas talvez o mais importante, o aluno não se forma sem fazer um trabalho de conclusão de curso e defende-lo para uma banca. Esta defesa pode incluir uma apresentação, mas em 2013 as bancas passaram a dispensar isso. O seu orientador, juntamente com outros dois professores leem seu artigo e preenchem uma ficha de avaliação que é entregue à secretaria.
No caso do BI, o padrão é um artigo de 10 a 20 páginas. Há um modelo do artigo com dicas sobre a formatação e as regras da ABNT neste site (https://olharinterdisciplinar.comunidades.net/index.php?pagina=1010015729). O que eu quero falar aqui é sobre como chegar até fazer o artigo. Por isso, deixo de imediato a primeira dica: não deixe tudo para o último semestre. Em um semestre você consegue escrever sim, mas vai ser uma correria só, até por que, por mais que você seja um aluno aplicado, não tem a experiência necessária para isso. Além disso, escrever é só um dos problemas, talvez o menor. Antes disso, você precisa escolher um tema, um orientador, e uma forma de abordar este tema.
Seria interessante que, desde o início, o aluno estivesse atento ao um tema de pesquisa que lhe chamasse a atenção. Desta forma, você já pode ir pensando no que mais lhe agrada, por que em breve terá que escrever algumas páginas sobre ele. Mas não basta ser um tema que lhe chame a atenção, tem que ser um tema que um orientador aceite orientar sobre ele. Desta forma, aconselho se aproximar de algum professor que você tenha afinidade e descobrir o que ele anda pesquisando, por que isso não é necessariamente a disciplina que ele está lecionando. Uma boa ideia para isso, é “bisbilhotar” os currículos lattes dos professores. Os links para eles costumam estar nos sites dos departamentos. Assim se descobre um professor que talvez tenha afinidade com o tema que escolheu. Como se pode perceber, é importante ter um bom relacionamento com professores. Se você não consegue ter com todos, terá que ter ao menos com o seu orientador. E se alguém resolver pagar para outra pessoa fazer o TCC, terá um duplo trabalho, pois terá que passar para o orientador uma impressão como se estivesse fazendo, tendo que enganá-lo a cada reunião de orientação. Isso é algo que eu não aconselho pra ninguém.
Outra coisa, quando se descobre o tema, deve cursar disciplinas que ajudem no tratamento dele. Dependendo da situação, o próprio orientador lhe indicará disciplinas para você cursar. Terá que fazer disciplinas a mais. Se quiser evitar isso, é melhor escolher o tema o quanto antes. Além disso, também indico a disciplina Metodologia Científica. Apesar de ser oferecida pelo departamento CSO, dá boas dicas para o TCC. E, se alguém for fazer trabalho de campo, também seria bom cursar “Leituras Etnográficas”, que também dá um bom aporte para este tipo de metodologia.
OUTRAS INFORMAÇÕES PRÁTICAS
Ainda quero destacar algumas nuances. É comum a criação de disciplinas. Nem sempre as disciplinas que cursamos existiram, elas são criadas e, as vezes, os seus nomes ou seus códigos são trocados. Por isso, não há nenhum problema em cursar uma disciplina que ainda não está no SIGA. A medida que o aluno vai cursando, ela vai sendo integrada ao sistema, sem risco de você perder seus créditos. No entanto, é sempre bom conferir na secretaria qual o campo do currículo que esta disciplina cobre.
Além disso, há várias atividades acontecendo na Universidade. Se você ficar preso à sala de aula, não saberá a metade do que está acontecendo. Várias vezes, até mesmo precisamos faltar de aula para participar de outra atividade que em algum momento se torna mais relevante, como uma reunião de orientação, ou um evento acadêmico.
Há também várias opções quanto ao acesso a livros. Quando seu orientador pedir a você uma leitura, não deixe de consultar a biblioteca. É possível ficar um bom tempo com os livros. É só renovar o empréstimo de 15 em 15 dias pelo próprio siga. Além disso, tem o xerox. Se você não tem as melhores condições para ficar comprando os livros, no xerox do ICH, há uma pasta chamada “biblioteca”. Nela, há várias partes de livros que não se encontram nem na biblioteca da UFJF. Alguns, extremamente difíceis de achar pra comprar. E se forem textos de disciplinas, fique atento. Algumas disciplinas utilizam os mesmos textos. Eu devo ter lido a introdução das “Formas Elementares” de Durkheim para umas quatro disciplinas diferentes. Você pode consultar com os veteranos, textos repetidos que eles tiram sem perceber. Acredite, acontece mais do que se pensa. E não se pode esquecer do site da estante virtual. Nele, é possível encontrar livros usados a preço muito baixo. Dependendo da situação, o livro sai mais barato que o xerox de algumas partes dele.
Por fim, se você precisa, também não deixe de concorrer ao apoio estudantil. Há diferentes modalidades de apoio. É possível ganhar as passagens, ou o acesso gratuito ao RU (Restaurante Universitário), ou ainda, o recebimento de uma bolsa para cumprir 12 horas de trabalho, num horário da sua escolha. E sobretudo cabe lembrar que é importante cumprir todas estas exigências para se formar. Conheço pessoas que não conseguiram avançar para o segundo ciclo por que não foram aprovadas no TCC, embora tenham cumprido as outras exigências. Ou ainda outras que tinham tudo, exceto créditos “extraclasse” suficientes. Em todos estes casos o aluno fica no BI e, dependendo da situação, não poderá cursar disciplinas do segundo ciclo, como no caso em que falei acima.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Retomo que este texto é apenas a reflexão de um ex-aluno do curso, que talvez possa contribuir para futuras decisões dos que agora ingressam. Não se trata de uma discussão científica e por isso não deve ser citado como tal. Mas talvez tenha ajudado a muitos calouros que entraram ou estão entrando em bacharelados interdisciplinares. Peço que me enviem algum comentário quanto a isso. Para quem quiser dicas sobre outros assuntos acadêmicos naveguem por este site ( www.olharinterdisciplinar.comunidades.net ). A maior parte dos textos é sobre assuntos que pesquiso, mas também há dicas metodológicas que talvez ajudem na formação de outros alunos.
[1] Mestrando em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF como bolsista CAPES. Bacharel em Ciências Humanas (2012) pela mesma instituição e em Teologia pela Faculdade Unida de Vitória – ES (2011). Desenvolvendo pesquisa na área de ciências sociais da religião, sob a orientação do professor Dr. Emerson José Sena da Silveira. E-mail: dnney@ibest.com.br
[2] Por causa de alguns algumas divergências com o pastor da igreja que eu frequentava, acabei não cursando o Instituto Teológico Quadrangular (ITQ), visto que, na época, a carta de indicação do pastor era uma das exigências para a matrícula. Como consequência, acabei me matriculando no curso livre de teologia oferecido pela Faculdade de Teologia Bíblica (FATEB), que funcionava sob a responsabilidade da Igreja Batista Resplandecente Estrela da Manhã (IBREM). O que acabou sendo melhor aos meus olhos, pois esta faculdade fornecia o mínimo necessário para cumprir as exigências do MEC para a convalidação do diploma em outra instituição que oferecesse esta modalidade. Foi o que eu fiz posteriormente, estudando mais um ano de teologia (à distância) na Faculdade Unida de Vitória (FUV).
[3] Foi o último ano (2009). Nas seleções seguintes, passou-se a utilizar o ENEM.