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ESTRANHO ESTRANHAMENTO (JUNTA BRASIL /VEM PRA RUA)

ESTRANHO ESTRANHAMENTO (JUNTA BRASIL /VEM PRA RUA)

Porque nos espantar com as mobilizações atuais no Brasil?[1]

Waldney Costa[2]

 

RESUMO: Este texto busca testar a hipótese de que se possa entender um pouco do que está acontecendo no Brasil a partir da apreensão de mobilizações anteriores como mitos de origem destes movimentos. Busca-se com isso explicar um pouco da situação e fornecer pistas para se pensar os rumos da mobilização, não só para pesquisadores, mas para todos os envolvidos. Para isso, problematiza-se quatro características das mobilizações que aparentemente estão estranhando os brasileiros: antipartidarismo, repúdio à mídia televisiva, vandalismos e miscelânea de ideias.

 

INTRODUÇÃO:

Diante da situação em que estamos vivendo no Brasil, muitos se perguntam sobre o que está acontecendo. Muitas das idéias que serão apresentadas a seguir me ocorreram nesta sexta-feira, durante uma palestra do professor da UERJ José Eisenberg na UFJF, em que se foram feitas algumas análises sobre esta conjuntura. Naquele momento o professor como sociólogo tentava fornecer teses para explicar as mobilizações. Tentarei neste texto fazer uma breve análise, de outro ângulo, como antropólogo, mais especificamente antropólogo da religião, analisando o Diretas Já e o Fora Collor como mitos de origem destas mobilizações.

Antes de apresentar esta hipótese, retomarei as teses de Eisenberg, para explicar como cheguei a essa outra análise. Tais teses podem ser resumidas em cinco assertivas:

  1. Os eventos se explicam pela mobilidade social: são em sua maioria jovens universitários, não só da rede pública de ensino, mas principalmente da rede privada. Pessoas que ascenderam à classe média;
  2. Os eventos se caracterizam pela mobilidade de grupos: são grupos de pessoas se movimentando em direção a um mesmo lugar para fazer coisas que eles não sabem se são as mesmas coisas;
  3. Não só as pessoas migram, mas também as ideias: Não necessariamente as pessoas que foram na segunda-feira, voltaram na quinta-feira pelo mesmo motivo;
  4. O modelo de comunicação determina a mobilidade de pessoas: o binômio redes sociais e celular facilitou a agregação de pessoas;
  5. Não é a toa que mobilidade urbana foi o estopim: A principal reivindicação é que a vida na cidade está ruim!

Esta análise sociológica ajuda a entender estes eventos como fenômenos, e como tal a única coisa que se pode observar é o que o professor já chamou atenção: São apenas grupos de jovens (em categoria mais ampliada) se movimentando em direção a um mesmo lugar para fazer algumas coisas. Esta análise ajuda a entender que está acontecendo uma mobilização, e como tal deve ser chamada, mas em nada explica o comportamento desses “jovens” enquanto se movimentam e é neste ponto que eu gostaria de contribuir testando a hipótese que anunciei.Figura 01

 

DIRETAS JÁ” E “FORA COLLOR” COMO MITOS DE ORIGEM DO “VEM PRA RUA”: JUNTA BRASIL

Ao pensar as mobilizações Diretas Já e Fora Collor como mitos de origem desta mobilização atual, considerando o próprio ato de mobilizar-se como uma espécie de rito da democracia, é possível entender alguns aspectos do comportamento dessas pessoas durante os eventos. Considerar os eventos passados como mitos, nada tem haver com tomar os fatos como realmente aconteceram em tempos anteriores, mas sim considerar a forma como estes eventos permeiam o imaginário e assim condicionam a forma como se comportam as pessoas que agora se envolvem.

Ao caminhar em meio às mobilizações em Juiz de Fora - MG, pude perceber através de frases em cartazes e de algumas palavras de ordem evocadas durante o movimento que há uma compreensão das pessoas de que há certa continuidade dos eventos anteriores com os eventos que agora acontecem. Isso também pode ser percebido no fato de que muitos deles nunca participaram de nada semelhante[3] e estavam lá com cartazes, faixas, bandeiras, caras pintadas, máscaras; salvo a presença de tablets, notebooks e celulares, muitos destes elementos são os mesmos das mobilizações do passado.01

Outro fato que ratifica isto é uma presença considerável de pessoas de avançada idade com cartazes de apoio ao que está acontecendo. Muitos destes são os mesmos que estiveram em eventos passados e têm boa receptividade dos jovens. Não é a toa que um dos momentos mais emocionantes desta quinta-feira em Juiz de Fora foi norteado por gritos de “vem pra rua vó”.

Mas como estes eventos passados estão representados no imaginário destes jovens que ascenderam socialmente e agora estão nas cidades se mobilizando? Quando estes jovens pensam em Diretas Já, pode-se perceber pelas próprias reportagens e entrevistas que a mídia está veiculando, que a imagem que vem à mente destas pessoas é a de um grande grupo de jovens com faixas, cartazes, caras pintadas e máscaras, indo para as ruas pedindo por alguma melhoria na política do país. Interessante observar que é isso não é muito diferente do que está acontecendo.

As ideias de Eliade sobre mito e rito podem dar algumas pistas sobre o porquê disso. Ele aponta que os mitos tem origem em um tempo extremamente significativo em que aconteceram algumas experiências que são dignas de memória e por isso são importantes para a construção da identidade. O rito por sua vez é a reatualização deste tempo, trazendo perspectivas para o presente e até mesmo para o futuro. Mito e rito permeiam as crenças influenciando o jeito de pensar e de agir dos sujeitos. Então, na crença é de que alguma coisa pode melhorar na política do país, ir à rua civicamente constitui um rito de atualização das mobilizações Diretas Já e Fora Collor, por isso são relembradas como mitos. Seguindo esta tese, diante desta mobilização atual a qual estou chamando de Vem pra rua, quero fazer considerações sobre quatro aspectos que estão assustando os brasileiros e que penso que não deveriam estranhar tanto assim.

 

ESTRANHO ESTRANHAMENTO QUANTO ÀS MOBILIZAÇÕES

O primeiro aspecto que causa este “estranho estranhamento” é a animosidade antipartidária. No imaginário destas pessoas, Diretas Já e Fora Collor não foram liderados por nenhum partido político, pelo contrário, eram expressões de indignação contra a corrupção. No Brasil, não é de hoje que partido é tido como sinônimo de corrupção, o que se intensificou quando a esquerda (PT) ascendeu ao poder. Se a mobilização está sendo feita para melhorar alguma coisa na política do país, o maior signo de corrupção não pode estar no meio. Isto é óbvio. Os mobilizados pensam que este signo tem que ser banido ou pelo menos silenciado, para que não manipulem a massa. O que alguns pensam ser uma ameaça à democracia, é na verdade o maior ato democrático visto nestes eventos. Pessoas reivindicando seus direitos e não signos que para elas são extremamente móveis e compráveis pelo dinheiro e pelo poder.

02Outro aspecto que não só assustou, mas quase aterrorizou a mídia são os atos contra ela mesma. Não é a toa que a frase do cantor Chorão (que está sendo tido quase como um mártir nestes protestos) está sendo evocada nas ruas em cartazes com dizeres do tipo “o jovem na TV nunca é levado a sério” ou outros que fazem referência a este. Faz tempo que estas pessoas tem preferência pelos meios de comunicação interativos. Ao voltar de ônibus da UFJF na sexta-feira, escutei um jovem comentar com outro que “tinha até começado a assistir a TV para ver as notícias dos protestos”. Os jovens mobilizados acreditam que as informações veiculadas na mídia televisiva são manipuladas. O que está sendo lido como um ataque à mídia, na verdade é entendido por eles como um contra-ataque ao que vem ocorrendo faz muito tempo. É um repúdio àquela imagem de que todo universitário é um sujeito envolvido em vícios em drogas das mais diversas, amador de baladas e que pouco se importa com o interesse coletivo. Não são poucos brasileiros que tem esta imagem na mente ao falar em universitários. Neste sentido, não há o que se estranhar, pois é uma espécie de “revanche”.

Era de se esperar este repúdio dos jovens ao que lhes fazem sentir ameaçados. Cabe comentar que talvez a agressão seja merecida, visto que em plenos acontecimentos atuais, o que se observa na mídia televisiva, é um tremendo descompasso entre o discurso e a imagem veiculada. Embora se fale muito que os “focos de vandalismo” são a minoria, por que isso é inegável, a maior parte das imagens veiculadas são as dos vândalos. Conversando com os policiais de Juiz de Fora, tenho percebido que até para eles o trabalho não está tão árduo e que, paradoxalmente, na quinta-feira que foi o dia mais cheio, foi também o dia mais tranquilo.

Vandalismo e atos de violência podem chocar, mas sempre ocorreram em mobilizações. O que é de se estranhar é que tem ocorrido muito pouco em relação a quantidade de gente que está nas ruas. Saem 300 mil e 14 pessoas são presas. Em meio a milhões nas ruas, uma pessoa foi morta em um atropelamento. Como bem lembrou o professor Eisenberg, jovens tem levado tiro de verdade nas favelas há muito tempo e o que se faz é só correr o olho nas manchetes, então porque se escandalizar tanto com um repórter ganha um tiro de borracha na cabeça e saiu vivo? O interessante é que agora a mídia foi obrigada a falar que há os manifestantes e os vândalos, pois até essa onda começar, qualquer tipo de manifestante era estilizado como “vândalo”.

Por último, mas não menos relevante, comento o estranhamento a respeito da pluralidade de ideias evocadas nos cartazes e faixas. Já foi dito no início que as pessoas vão a estes protestos com motivos dos mais diversos e que até estes motivos são móveis. O rapaz vai na segunda pra ver o que está acontecendo, conhece uma moça, trocam contatos e marcam de se encontrarem na próxima mobilização. Isso não é de se assustar. Os manifestantes do tempo mítico (Diretas Já e Fora Collor) também confessam que iam para os protestos pelos motivos mais diversos. As ideias evocadas em mobilizações são condicionadas pelo formato das redes sociais se agruparem.

Neste ponto, como adverte Eisenberg, engana-se quem pensa o site Facebook como uma rede social. Ele é na verdade um site de buscas, tal como o Google. Busca de redes sociais. Tais redes, no tempo mítico, se agrupavam fisicamente em torno de alguma idéia, e eram mais latentes. Se em um show musical, o cantor a se apresentar estiver três horas atrasado, alguém tem a “brilhante” ideia de começar a vaiar e logo as pessoas em volta começam a “curtir e compartilhar” e de repente grande parte do público está vaiando o atraso, tem-se uma rede social que nada tem a ver com internet. Mas atualmente, acostumou-se a tomar as redes constituídas virtualmente como sinônimo de redes sociais.

03Este fato torna a nova forma da atualização ritual um problema para quem não entende a lógica dos mitos. Mitos são sempre reatualizados ritualmente (ELIADE, 1992), mas nunca da mesma forma. É a arte de fazer o velho de um jeito novo, tal como fazem as igrejas evangélicas inclusivas LGBT. Então o que mudou na reatualização dos Diretas Já e Fora Collor? Foi a forma das redes sociais se agruparem. Não é a toa que os nomes dados aos movimentos atuais são Junta Brasil e Vem pra rua. É exatamente a única coisa que se torna visível hoje: jovens brasileiros se juntaram e foram para a rua. Mas também não é por acaso a minha preferência em chamar a mobilização de Vem pra Rua. Faz tempo que o Junta Brasil já estava acontecendo nas redes sociais virtuais. Os brasileiros já estavam juntos quando “curtiam e compartilhavam” imagens com dizeres de repúdio à corrupção, contestando aumento de tarifas, pedindo renúncia de Marco Feliciano, Renan Calheiros e outros.

04A única coisa que marcou os atuais eventos foi o fato de jovens pegarem estas “ideias imagem” e levarem pra rua. É isso que significam os cartazes: “saímos do Facebook” e outros do gênero. A grande questão é que as pessoas vieram para as ruas tal como estavam “juntas” na planilha virtual: de forma embaralhada. Então, se visualmente tem-se uma passeata não se sabe muito bem pra que, virtualmente há uma marcha contra a corrupção, outra contra o Marco Feliciano, outra contra o Renan Calheiros, outra contra a homofobia, e assim por diante. Marchas não localizadas territorialmente, mas que não são menos legítimas por conta disso.

Penso que só virtualmente será possível interpretar os motivos desta mobilização atual, pois é virtualmente que ela é construída. Embora se escreva agora que “o gigante acordou”, virtualmente ele “nunca dormiu”. O que temos agora é que jovens de cidades a milhares de quilômetros umas das outras, veem no Facebook alguma ideia legal, e utilizam esta ideia para fazer a frase para colocar no cartaz de hoje, que não necessariamente será a mesma frase que ele vai achar legal para colocar no cartaz da próxima, e assim sucessivamente. Por isso prefiro chamar o evento atual de Vem pra Rua, por que ir pra rua foi a única coisa realmente diferente que aconteceu. É isso que está nos cartazes e é isso que eles gritam com mais fervor.

Agora, o que é mais relevante, novamente seguindo as ideias de Eisenberg, é que estes jovens saíram de um lugar muito impotente que é a planilha virtual, para um lugar extremamente potente em sentido político. A rua se tornou um lugar público de disputa e em disputa. É na comparação com os eventos míticos, que estes jovens, e não só eles, como também as pessoas que estão em casa, encontram esperança e uma boa dose de otimismo para com o futuro. O que permeia o imaginário brasileiro hoje é que se no passado, jovens foram para as ruas e coisas boas e importantes aconteceram, talvez o fato de jovens estarem nas ruas novamente seja o indício que algo de bom esteja para acontecer. Admito que eu também “compartilho” esta ideia, embora esteja desconfiado de sua real plausibilidade.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, nas minhas considerações finais, gostaria de destacar algumas diferenças que possam ser úteis aos envolvidos nas mobilizações. A principal delas é que, apesar da rua ser um lugar mais potente que a plataforma virtual, as pessoas não estão acostumadas com o efeito visual de assistirem na realidade material um emaranhado de ideias aparentemente desconexas, mesmo que isso seja comum na plataforma virtual. Se os cidadãos comuns não conseguem bem assimilar isso, muito menos os políticos, e são eles que tem o poder delegado de tornar realidade as ideias políticas. Então, enquanto não se enxergar alguma espécie de lógica na pluralidade de ideias ali dispersas, é muito difícil que se mude alguma coisa.

05Por isso talvez seja interessante não assimilar do tempo mítico apenas a forma, mas também o conteúdo, que podem ser expressos em seus próprios nomes. Pedir “eleições diretas” ou o “impeachment do presidente” evoca mudanças palpáveis e possíveis, muito diferente de gritar “contra a corrupção” que é extremamente abstrato e dificílimo de ser trazido à realidade, pelo simples fato de que as pessoas têm convicções diferentes. Se os gritos começarem a se organizar em torno de ideias concretas como a renuncia de um deputado (Marco Feliciano) ou a revogação de uma lei (PEC 37), aí sim é possível que haja alguma mudança. Pediu-se para abaixar a tarifa de ônibus e políticos abaixaram, mas o movimento continua e eles estão com medo, querendo saber o que fazer. Pedir para políticos pararem a corrupção, ao mesmo tempo em que se pensa que todo político é potencialmente corrupto, tem uma intensão muito legítima, mas infelizmente é contraditório.

Parece que alguns grupos já entenderam isso e começaram a se organizar em torno de ideias e coloca-las em pauta. Ontem em Juiz de Fora, apesar de vários gritos como “fora corrupção”, “fora Feliciano” e “Bruno Siqueira, não é mole não, bota o seu filho pra andar neste busão”, o grito mais ouvido foi “não à PEC 37”. Isso nada teve a ver com o jovem que gritava desesperadamente que “hoje não é pela saúde, segurança ou educação, mas só pela PEC”, pois as pessoas se sentiram extremamente incomodadas com ele, havendo até mesmo um indício de conflito. Isso se deve ao fato de que na mobilização de ontem, haviam mais pessoas que “curtiam e compartilhavam” a ideia de ser contrário à PEC 37. Algumas delas nem sabiam o que era uma PEC, somente se conscientizaram que era alguma coisa de ruim para o país e que deveriam ser contra. Longe de isso ser sintoma de alienação, era uma forma por eles legítima de escolher um lado. O sentimento geral é de insatisfação e o maior exemplo iconográfico disso são os cartazes do tipo: “é tanta coisa que nem cabe no cartaz”.

06O que se pode concluir é que se algum grupo pretende organizar as ideias, ele não deve se identificar com nenhuma instituição, mas simplesmente com as ideias, pois são elas que estão sendo compartilhadas por estas pessoas. E são mesmo ideias que mudam o curso da história, não instituições. Pois estas foram criadas para manter, não transformar.

Devido à grande fragmentação de identidades, própria da modernidade, se tornou muito difícil agregar 300 mil pessoas em torno de uma única ideia. Mas nesta onda recente, se tornou fácil juntar gente que quer mostrar suas ideias. Por isso, penso que a melhor forma de ter êxito é descobrir as ideias concretas que mais são “curtidas e compartilhadas” e transformá-las nas palavras de ordem que mais serão gritadas. Do jeito que os políticos estão assustados e os ânimos alterados, será muito difícil negar alguma coisa realmente benéfica à população e não pagar o preço de ter milhares de pessoas nas ruas.

 Diante dos quatro aspectos do “estranho estranhamento” que tenho percebido nas pessoas a respeito da mobilização: antipartidarismo, repúdio à mídia televisiva, vandalismos e miscelânea de ideias; a pergunta que mais tenho ouvido sobre os acontecimento é: para que eles estão fazendo isso? Tal questão é levantada como se respondê-la fosse ajudar a conter a situação e parar isso antes que aconteça alguma coisa verdadeiramente ruim. Mas ao comparar o Vem pra Rua com os “mitos” Diretas Já e Fora Collor, vemos que não cabe a pergunta. A resposta é óbvia. É por que querem melhoria na qualidade de vida. Atender a um pedido não vai “resolver” e frear a mobilização. Quanto mais a vida melhorar melhor. Pelo que tenho observado, estas mobilizações não vão parar, ainda que após esta onda se tornem menos intensas. A juventude redescobriu a rua e viu nela um meio técnico de ser ouvida.

07Relembrar os mitos de origem da democracia brasileira parece extremamente bizarro num país politicamente acostumado a se desconectar de seu passado ao pensar em “cinquenta anos em cinco” ou “nunca antes na história deste país”, mas é exatamente com a imagem destes mitos que as pessoas estão indo pra rua.


Por isso hoje, qualquer um que tiver uma ideia e pensar que ela seja boa para o país, é impelido pelo cartaz: “Vem pra rua você também”. Pode ser que outras pessoas vejam essa ideia e comecem a “curtir e compartilhar” e ela vire realidade neste país que aparentemente estava “deitado eternamente em berço esplêndido” e agora redescobriu que “um filho teu não foge a luta”, muito pelo contrário, ele “Vem pra rua”. Ao analisar o imaginário destes jovens, não há muito que se estranhar. Imaginando que, tal como no passado, se forem pra rua, alguma coisa pode melhorar.

 

 

REFERÊNCIAS:

EISENBERG, José. As Mobilizações Atuais no Brasil - conferência de encerramento. II Jornada de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora: UFJF, 2013.

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992.



[1] Apesar de ser conveniente esperar o fenômeno passar para ser analisá-lo, este texto surgiu da latente necessidade de se entender a atual conjuntura que aparentemente está em transformação. É fruto de um estudo etnográfico nas mobilizações que aconteceram em Juiz de Fora – MG, deve ser analisado criticamente e corre um sério risco de não expressar toda a realidade brasileira, mas pode fornecer pistas para pensá-la.

[2] Mestrando em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF como bolsista CAPES. Bacharel em Ciências Humanas (2012) e graduando em Ciências Sociais pela mesma instituição e bacharel em Teologia pela Faculdade Unida de Vitória – ES (2011). Desenvolvendo pesquisa na área de ciências sociais da religião, sob a orientação do professor Emerson Sena da Silveira. E-mail: dnney@ibest.com.br

[3] Alguns cartazes foram feitos com caneta esferográfica azul em papel de fundo verde. Se tornavam ilegíveis a poucos metros de distância.