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FUNK E VIOLÊNCIA EM JUIZ DE FORA - MG:

FUNK E VIOLÊNCIA EM JUIZ DE FORA - MG:

Uma análise das [im]possibilidades de relação entre estes dois fenômenos[1]

Waldney Rodrigues Costa[2]

 

RESUMO: O tema central deste trabalho é o confronto entre jovens “funkeiros” em Juiz de Fora – MG. Pretendeu-se identificar se existe relação entre as letras de funk da região e os confrontos de gangues dos bairros. Uma vez que há um dilema em torno da proibição de bailes funk na região central da cidade, é necessária uma melhor reflexão na busca por soluções para o problema. Visando contribuir, com a discussão, foi selecionada uma amostra de trinta composições de funk locais postadas nas redes sociais e se procurou aferir através de uma escala ordinal, em que medida tais composições fazem alusão à violência em quatro níveis diferentes de agressividade levantados para a análise. Constatou-se que a violência é um tema por demais recorrente no funk, talvez o mais presente, mas apenas um. Há outros temas retratados, tais como consumo, contexto social, beleza feminina e principalmente, sexualidade. Não há garantias de que proibindo o funk se consiga reduzir a violência. Tal ação promove, aparentemente, a segurança pública, mas em detrimento do direito dos jovens de se divertirem nos bailes como espaço/tempo de lazer. O funk, como expressão cultural no lazer, torna visíveis algumas tensões e contradições da sociedade juizforana.

Palavras-Chave: Funk. Violência. Juiz de Fora/MG. Jovens. Lazer.

 

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa que aqui será apresentada tem como tema o confronto entre jovens “funkeiros” em Juiz de Fora - MG. Ela surgiu da curiosidade do grupo de autores a respeito do fenômeno da violência, somada à experiência pessoal de um dos membros que possui familiares envolvidos com esta manifestação. É um tema pertinente porque o fenômeno envolvido é um dos grandes problemas da sociedade contemporânea. Além disso, é um tema social já que envolve pessoas que gostam do mesmo estilo musical que é o “funk”, sendo este uma escolha social, algo que se aprende em sociedade.

Neste quadro se envolvem vários fatores sociais como a criminalidade e a desigualdade social. E também se envolvem vários agentes sociais como os jovens que prestigiam as músicas em bailes funk, os que as produzem, suas famílias, e a população que tem sido obrigada a conviver com os confrontos entre as gangues. Sendo assim é visivelmente um objeto das Ciências Humanas e Sociais.

A violência é um fenômeno amplamente discutido nas Ciências Sociais, presente em estudos clássicos como os de Karl Marx (1989) e Émile Durkheim (2000). Sua relação com a juventude é assunto de diversos estudos ao redor do mundo, tratada por autores como François Dubet (1996) e Oliver Galland (1996). Teses de doutorado mais recentes como a de Carla Coelho de Andrade enfatizam como tal relação se dá no contexto brasileiro e demonstram como os jovens agem de forma agressiva e violenta na “adoção de um estilo de masculinidade, expresso através da afirmação e demonstração de coragem, valentia, força e virilidade” (ANDRADE, 2007, p. 244).

Mesmo concordando que estejam crescendo os estudos nesta área, constata-se que ainda são poucos os que introduzem abertamente o estilo musical “funk” nas discussões sobre violência e juventude no país. E pesquisas com esta temática, geralmente se concentram no contexto carioca, já que o Rio de Janeiro é considerado a cidade “capital do funk”. Sobre a realidade juiz-forana, foi encontrado nesta pesquisa apenas um artigo escrito por SANTOS [et al] (2007) em que os autores entrevistaram trinta frequentadores de  bailes funk da cidade. O estudo é interessante e revelador, mas não se preocupou diretamente com as músicas produzidas pelos jovens, se atendo, através de entrevistas, ao que eles afirmaram sobre si mesmos e sobre os bailes. O estudo aqui pretende uma abordagem diferente, buscando entender como a cultura destes jovens se revela nestas músicas, ao falarem sobre si mesmos, com um intuito próprio, quando estão naturalmente interagindo entre si através delas.

Concordando com Marcellino (1987), que entende o lazer como uma dimensão da cultura, é possível enxergar que estas músicas produzidas e celebradas em momentos de lazer da juventude é parte da cultura local. Então, concordando, assim como Geertz (1973), que a cultura é uma “teia de significados” e destacando a constatação de Gomes (2008) que, na cultura brasileira, a organização do lazer se fez mais importante que a própria organização do trabalho, conclui-se que é possível que esta produção musical seja uma das “amarras desta teia”, talvez a mais importante, com a qual os jovens envolvidos nesta manifestação significam as suas vidas. Logo, o estudo destas músicas pode revelar elementos importantes do constructo cultural e contribuir para uma reflexão sobre as formas de intervenção estatal.

De imediato cabem algumas primeiras colocações conceituais. Esse fenômeno amplo denominado violência será entendido neste estudo como toda e qualquer ação, ativa ou passiva, exercida por uma pessoa ou grupo, com intuito de agredir física, psíquica ou verbalmente outra pessoa ou grupo, chegando a inferir ou não sobre estes. Tal fenômeno será pesquisado através da tríade violência-juventude-estilo musical.

Estilo musical é entendido aqui como um jeito específico de se fazer música, reconhecido em uma cultura por utilizar determinados tipos de instrumentos, articulando melodia, harmonia e ritmo de uma maneira específica, e os relacionando com uma série de temas também específicos expressos nas letras das composições. Neste caso, o funk é uma dimensão desta manifestação, que no contexto aqui trabalhado é caracterizado pelo uso de melodias simplificadas, harmonizadas de uma maneira simples em que há uma valorização do ritmo através de batidas fortes, executadas muitas vezes apenas pelo Disk Jokey (D.J.) dispensando o uso de uma banda, em que as letras das composições falam de assuntos como a afirmação da identidade, a sensualidade, a exaltação dos grupos identificados pelo nome dos bairros (grupos que aqui chamados de gangues), e também, como pretendeu-se demonstrar, a violência expressa na agressividade.

Esta investigação visa identificar se existe alguma relação entre as letras de funk da região e os confrontos de gangues dos bairros de Juiz de Fora - MG, analisando também em que nível se dá esta possível relação. E cabe notar que é um tema marcado pelo dilema da proibição, pelo Ministério Público, desde setembro de 2009, da realização de bailes funk na região central de Juiz de Fora. Há quem defenda o retorno dos bailes, mas há pouquíssimos estudos sobre essa manifestação cultural em si, fazendo que seja tanto um problema social local, quanto um problema sociológico que ainda carece de explicações cientificas e pesquisas empíricas. Logo, essa abordagem se justifica por poder ajudar no entendimento do tema e auxiliar na busca por soluções, já que, como revelado pela secretária de atividades urbanas[3], não é vontade da prefeitura da cidade manter a proibição já que se trata de uma manifestação cultural local, sendo uma intervenção de caráter temporário que se fez necessária para manutenção da segurança da população.

 

2 METODOLOGIA

Nesta pesquisa, uma das hipóteses empregadas é que, sendo a música uma manifestação cultural, a produção musical local é capaz de revelar profundos elementos da sociedade que passam despercebidos em entrevistas ou questionários. Mas a atenção não será voltada para o ritmo, a melodia ou a harmonia que são empregados nas músicas funk, mas tão somente às composições, que serão tomadas como variável dependente. Entendendo que elas sejam um elemento central nos bailes, não serão pensadas aqui como arte, mas como um conteúdo artístico do lazer dos jovens.

Esta variável será analisada em relação à outra, a agressividade evocada nestas letras. Pretende-se, ainda que de forma simples e não cabal, demonstrar o grau de aproximação entre estas manifestações. Para isso, será feita uma investigação levantando uma amostra de trinta músicas de composição local que serão coletadas na internet via redes sociais, no site “youtube”, por meio da busca “montagens funk Juiz de Fora”, e, partindo do pressuposto que a violência se revele de acordo com o grau de agressividade constatado em uma ação, será medido o nível de agressividade expressa nas letras das composições, construindo uma escala para isso.

Será considerado o primeiro nível da escala o de não agressividade, quando a letra da música tratar de outros assuntos não relativos à violência. O segundo nível, o de baixa agressividade, quando as letras apresentarem palavrões ou palavras obscenas de caráter ofensivo. Um terceiro nível será o de média agressividade quando a letras enfatizarem os confrontos físicos entre gangues rivais. E ainda, um quarto nível, o de alta agressividade, quando as letras remeterem ao uso de armas, drogas e facções criminosas.

Sendo assim, quanto maior o número de composições locadas em um maior nível de agressividade, maior a sua correlação com a violência, tal como está sendo interpretada pela agressividade. Os resultados serão obtidos assimilando a quantidade de músicas locadas em cada nível, para tentar indicar como este fenômeno está sendo absorvido pela cultura local, sob a hipótese de que o funk esteja intimamente ligado às manifestações de violência que vêm ocorrendo na cidade. Através desta análise acredita-se que seja possível demonstrar como um fenômeno está ligado ao outro, e em que proporção.

 

 

3 RESULTADOS

Das trinta músicas que foram analisadas[4], quatro foram identificadas em um nível de não agressividade, três em um nível de baixa agressividade, doze no nível de média agressividade e onze no nível de alta agressividade. Como observado, há uma forte alusão à violência visto que em quase 87% da amostra das músicas foi constatada, na letra das composições, algum tipo de agressividade, mas o nível que predominou é o que chamamos de média agressividade, pois em doze composições (40%) foram identificadas alusões a brigas ou rixas entre os bairros, ainda que sem fazer referência a drogas, armas ou facções criminosas.

Dentre as onze músicas que fazem essa alusão, foi verificado que três também refletem os confrontos entre os bairros, e somadas as doze no nível anterior, constata-se que metade da amostra (quinze músicas), reflete alguma agressividade. As outras oito músicas do quarto nível, embora falem de drogas (música 16), facções criminosas (músicas 07, 11 e 28) e armas (músicas 03, 04, 08 e 20), não fazem alusão direta ao confronto entre os bairros. Tais elementos, embora marcados culturalmente pelo que pode representar a violência, foram utilizados ou para exaltar o bairro ao qual estão se referindo, ou para descrever a realidade desta comunidade.

Em quatro composições não foi achado nenhum tipo de violência, tal como esta foi definida aqui neste trabalho, pois são músicas que trataram de outros temas. A música 10 é um profundo lamento por um adolescente que foi assassinado no bairro, a composição 19 exalta o “ethos” guerreiro[5], sem fazer necessariamente uma alusão à violência, a 22 se aproxima muito do funk “comercial” que tem tocado nas boates de classe média e a música 27 é uma montagem que enfatiza muito as batidas, repetindo várias vezes a frase “se quer caô, vai ter caô”, se apresentando como produzida quase que exclusivamente para promover a dança no baile, havendo pouca ou quase nenhuma preocupação com a letra.

Também há outros temas retratados nas composições que demonstraram a presença da agressividade. Dentre eles destaca-se um forte apelo emocional nas músicas que destacaram a morte de alguém do bairro por meio da violência; uma intensa alusão ao consumo em composições que se referiram a grifes de roupas como “Nike” e “Addidas”, com ênfase na originalidade dos produtos e bebidas como “Red Label” e “Red Bul”; uma exaltação da beleza feminina, principalmente conjugado com a jovialidade, que é o que se interpreta do termo “novinha”, amplamente empregado; e, também, parte em decorrência deste último tema, um dos assuntos mais presentes, a sexualidade. Sendo este último o tema que gerou a classificação das músicas 06, 18 e 25 como composições de baixa agressividade, por serem interpretadas nesta análise como letras que agridem de alguma forma a mulher.

 

4 ANÁLISE E INTEPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

A partir da análise destes resultados, pode-se concluir então que, de alguma forma, há uma relação entre as montagens de funk produzidas na região e os confrontos entre as gangues dos bairros. No entanto, esta relação não é tão forte como se pensa no sendo comum. Se é verdade, como foi apresentado, que metade da amostra que levantada apresentou alguma relação com estes conflitos, é igualmente verdade que a outra metade, embora, em alguns casos, se refira até mesmo a temas marcados pela violência como armas, drogas e facções criminosas, não apresentou nenhuma relação com as brigas entre os jovens.

Seguindo esta linha de raciocínio, é preciso levar em conta também que as composições de funk falam de diversos temas caros à realidade destes jovens, sendo que algumas não fazem alusão alguma à violência. Neste aspecto, elas são celebradas nos bailes em momentos de lazer destes jovens, por isso cabe lembrar a análise de alguns autores sobre o lazer nesta fase da vida, quando afirmam que:

[...] em relação às opções de lazer para a juventude, devemos estar atentos às diferentes expressões culturais gestados e vividos pelos grupos, pois tornam visíveis as tensões e contradições da sociedade.[6][...] (ISAYAMA, GOMES, 2008, p.162)

            Então, o funk como expressão cultural no lazer torna visíveis algumas tensões e contradições da sociedade juiz-forana e, deste ponto de vista, a decisão do Ministério Público pela suspensão dos bailes na região central, que aparentemente, é uma tentativa de proteger, os moradores desta região, da violência e dos danos gerados pelos sucessíveis confrontos que vinham acontecendo nessa área urbana, pode ser interpretada de uma nova maneira.

Há uma grave contradição nesta proibição. O artigo 71 do Estatuto da Criança e do Adolescente destaca que eles “[...] têm direito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos [...]”, e ainda em seu artigo 59 ressalta que “Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer”. Logo, o governo deveria estimular e facilitar o acontecimento dos bailes, não proibir.

Os resultados desta pesquisa só evidenciam a necessidade de se repensar esta política. Uma vez que foi constatada a existência de outros temas abordados nas composições, sendo que metade da amostra não demonstrou uma relação direta com os confrontos, a decisão do Ministério Público promove, aparentemente, a segurança pública, mas em detrimento do direito dos jovens de se divertirem nos bailes como espaço/tempo de lazer, sendo que alguns nem mesmo se envolvem nas brigas.

O caráter de “aparência” da decisão foi destacado por que na verdade a violência não foi reduzida. Pelo contrário, como constatado por Araújo (2012) em uma reportagem para a série do jornal Tribuna de Minas denominada “Até Quando?”, a violência aumentou e se descentralizou, no sentido de que agora, ao invés dos jovens se confrontarem nos bailes ou nos trajetos até os bailes, aumentaram os casos em eles se enfrentaram em shoppings, lojas comerciais, pontos de ônibus, e até mesmo em locais públicos inimagináveis anteriormente como o Hospital de Pronto Socorro e o Fórum.

Não se pode afirmar que a proibição dos bailes foi responsável por este aumento dos confrontos, mas parece evidente que ela não evitou. Neste ponto, é importante considerar que, como afirma Essinger (2005), estes tipos de bailes, como os que esta pesquisa se refere, não cobram os preços abusivos das boates. Com um valor baixo e alguns até com “entrada liberada”, estes eventos são uma forma que estes jovens encontram de acesso ao lazer, um direito muitas vezes negligenciado pelo estado à periferia. Pelo que parece, esta pesquisa não teve por objetivo confrontar o Ministério Público, mas acabou ressaltando a necessidade de uma melhor reflexão.

Pelo que foi visto, a proibição fez com que, como as músicas não podiam mais ser tocadas nos bailes, as postagens fossem intensificadas. Isso por que, dentre as músicas analisadas, a maioria foi postada entre 2010 e 2012, sendo que somente uma é datada antes da suspensão. Logo, é possível interpretar que, se a manifestação cultural teve que se mover para outro espaço, neste caso, para o “virtual”, os confrontos também. Não deixaram de existir, apenas passaram a acontecer em outros ambientes.

 

5 CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

A abordagem aqui exposta não dá cabo às possíveis análises do fenômeno. É apenas uma modesta aproximação que possui algumas limitações. Dentre se destaca a dificuldade de controlar a objetividade da coleta de dados, uma vez é não há uma precisão na forma como o site “youtube” apresenta as ocorrências da busca, o que pode ter influenciado na escolha das músicas analisadas, por isso é importante atentar menos para os percentuais e mais para a qualidade dos dados coletados.

Outras duas limitações consistem, uma em que não foram analisadas as imagens, apenas as letras das músicas dos vídeos, pois esta outra apreciação complexificaria muito a pesquisa e demandaria uma metodologia de análise semiótica, ainda não dominada pelos pesquisadores, mas que em uma investigação posterior poderia ser muito esclarecedora. E outra limitação, a dificuldade de entender a linguagem própria dos atores envolvidos (gírias), problema que talvez pudesse ser facilmente resolvido com uma pesquisa etnográfica. Uma abordagem “de dentro”, convivendo com os frequentadores de bailes, poderia fornecer dados que ainda não foram revelados. É uma excelente oportunidade para um trabalho futuro.

Por hora, o que se pode concluir é que, até onde esta análise conseguiu caminhar, a violência é um tema por demais recorrente no funk, talvez o mais presente, mas apenas um. Não há garantias de que “proibindo o funk” se consiga reduzir a violência. Neste estilo musical a periferia encontra um meio de simbolizar e significar aquilo que vive, e é isto que é celebrado nos bailes.

Sendo assim, ao final, uma sugestão que pode ser deixada para reflexão é que, ao invés de proibir os bailes, ou limitar um baile em cada bairro, como alguns possam pensar, uma vez que esta decisão apenas mascara a proibição, já que para alguns jovens a “curtição” está exatamente em encontrar pessoas diferentes e se relacionar com elas, o governo poderia investir nos bailes, encontrando pessoas influentes e respeitadas nas comunidades[7], quais pudessem promover outros temas que desviassem estes jovens dos conflitos, em busca de uma transformação do quadro atual. Afinal, o lazer é um direito social garantido pela Constituição Federal de 1988, no Artigo 6º do Título II, e como é cantado por um artista contemporâneo, “na favela, o baile é lazer”. (MC KORINGA, música: Dança sensual. Álbum: A Caminhada, 2013).

 

BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Carla Coelho de. Entre gangues e galeras: juventude, violência e sociabilidade na periferia do Distrito Federal. 2007. 276 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social). Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

ARAÚJO, Marcos. 31 confrontos de gangues na área central este ano. Jornal Tribuna de Minas, Juiz de Fora, p. 3, 5 dez. 2012.

DUBET, F. e D. MARTUCCELLI. À l’école. Sociologie de l’expérience scolaire. Paris: Seuil, 1996.

DURKHEIM, Émile. O Suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

ESSINGER, Silvio. Batidão: uma história do Funk. Rio de Janeiro: Record, 2005.

GALLAND, Olivier. Les Jeunes. Paris: La Découverte, 1996.

GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

GOMES, Christianne Luce. Lazer, Trabalho e Educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2008.

ISAYAMA, Hélder Ferreira; GOMES, Christianne Luce. O Lazer e as Fases da Vida. In: MARCELLINO, Nelson de Carvalho (org.). Lazer e Sociedade: múltiplas relações. Campinas: Editora Alínea, 2008. p. 155-174.

MARCELLINO, Nelson de Carvalho. Lazer e Educação. Campinas: Papirus, 1988

MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. A História dos Homens. In: Marx, Engels – História. Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Editora Ática. 3ª edição, 1989.

SANTOS, Claudiana. [et al]. Adolescência: A violência no Baile Funk. Disponível em: Acesso em 20/02/2013

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO 1

 

Tabela 1.1. Análise das Montagens de funk, em Juiz de Fora – MG, 2013

 

Música

Nível de Agressividade

Trecho da Música que justifique a classificação

Fonte[8]

Ano da Postagem

01

03

“Os mendigo do Furtado tão viveno de aparência pensando que tá abafando, mas no fim quem manda é a gente.”(1:01)

youtube.com/watch?v=JgBOTLbO5CQ

2010

02

03

“se te pego e te matraco esquartejando o sem tê dor todo mundo ta ligado que Benfica é o melhor”(0:09)

youtube.com/watch?v=zRJsvNxrwic

2011

03

04

“se botar a cara é bala mesmo sem neurose” (1:22)

youtube.com/watch?v=n1kA3ehxL18

2012

04

 

05

06

 

07

08

 

09

 

10

11

 

12

 

13

 

14

15

 

16

17

 

18

 

19

20

21

 

22

 

23

 

24

25

 

26

27

 

28

 

 

29

 

30

04

 

03

02

 

04

04

 

03

 

01

04

 

04

 

03

 

03

03

 

04

04

 

02

 

01

04

03

 

01

 

03

 

03

02

 

03

01

 

04

 

 

03

 

04

“a mídia se impressiona co nosso poder de fogo” (0:46)

“ vamos no Santo Antônio e o Peixoto vai morrer”(0:55)

“posição então regaça essas pernas, quica, quica no meu pau durão”. (4:03)

“ pá geral do Joquei 1 salvá o Comando Vermelho”(0:58)

“cá mão nois dá porrada, cá arma nois dá tiro”(0:33)

“é sempre bom [você]perder pra nois na porrada” (1:12)

“a gente se encontra um dia eu tenho esperança” (1:11)

“Aqui sô ‘vermelhão’, RL é o comando” (1:54)

“se a vitória nué do 12 bomba nuclear explode” (1:16)

“mesmo assim nois arrebenta, porque pra encarar o gracinha uma galera só num guenta” (2:41)

“Somos da vila Furtado de Meneses onde o bicho pega e o coro come e ninguém vê” (3:02)

“nois somos sucesso, nois te quebra na po...” (0:52)

“a nova geração pode crê vende ‘mulão’” 2:10

“o bonde da Bethânia taca bala e mete bomba” (1:42)

“falaru que os Koller e os Navas ‘fode pra caralho’”(2:22)

 “E aí, aí como é que é? É o guerreiro de fé”(0:01)

“aponta o, aponta o 30” (2:25)

“os comédia de Filgueiras que não cansa de apanhar, leva porrada todo dia e ainda quer nos encarar”(0:54)

“Essa aqui eu que lancei pra toda comunidade, novinha de Juiz de Fora senta gostoso e rebola à vontade” (0:30)

 “é o mais famoso bonde, faz o vacilão chorar” (0:13)

“Se te pegamo uma vez, vamo te pega de novo” (0:38)

“as novinha lá do Grama elas querem dar pra mim”(1:50)

“quando nois batê de frente o seu nocaute é certo” (0:37)

“se quer caô vai ter caô” (2:28)

 

“É o ADA do Thuck tem que respeitar, amigos dos amigos, Borges, Permuxa e Diego” (0:35)

“nois gostamo da paz, não fugimo da guerra, o bonde do marreco quando pega esquarteja”. (1:15)

“já quebramo o Dieguim e metemo bala no Zé” (1:03)

youtube.com/watch?v=NRWGLtiOdBk youtube.com/watch?v=I1UisgWRiVk youtube.com/watch?v=4s-ghZ5likE

 

youtube.com/watch?v=7S61ibq0WE4 youtube.com/watch?v=oRQe-juehu8

youtube.com/watch?v=y1F3XMfZoR4 youtube.com/watch?v=oQsDl1tWggc

youtube.com/watch?v=Jo9hUbtnZOo

youtube.com/watch?v=BoT-J1_BkTI

 

youtube.com/watch?v=jVNZiPMPkV0

 

youtube.com/watch?v=BD4vimXSw6U

 

youtube.com/watch?v=RCt2gaa5mmE

youtube.com/watch?v=F5OZSNRD9k8

youtube.com/watch?v=w867wGI_NPE

youtube.com/watch?v=DcNgshsFOh8

youtube.com/watch?v=CQOzzAFvQo4

youtube.com/watch?v=vO8FXUrDIk0

youtube.com/watch?v=PoWCGbDqDzY

 

youtube.com/watch?v=wvN2ln2RX_A

youtube.com/watch?v=DVlhjsfm0Dk

youtube.com/watch?v=vT-zIlxmjzw

youtube.com/watch?v=gm7ScsHGXqk

youtube.com/watch?v=weSouxeZTEg

youtube.com/watch?v=BQSUQeNoa88

 

youtube.com/watch?v=6V9BBw101T0

 

youtube.com/watch?v=hcUVtjhprXo

 

youtube.com/watch?v=cexAr7-L388

2012

2011

2011

 

2009

2012

2011

2011

2012

2012

 

2012

 

2011

 

2011

2011

2012

2012

2008

2010

2010

 

2010

 

2010

2011

2011

2009

2011

 

2012

 

2011

 

2010

 

 

 

 

 

 

Sendo:

Nível 01: Não Agressividade – não alusão à violência

Nível 02: Baixa Agressividade - palavrões ou expressões obscenas de caráter ofensivo

Nível 03: Média Agressividade - letras que enfatizam confrontos e a rixa entre bairros

Nível 04: Alta Agressividade - letras que remetem ao uso de armas e drogas

 

 

ANEXO 2 - GRÁFICOS

 

Gráfico 1.1. Análise de 30 Montagens de funk, em Juiz de Fora – MG, 2013

 g01

 

 

 

Gráfico 1.2. Análise de 30 Montagens de funk, em Juiz de Fora – MG, 2013

 g02

 



[1] O texto é uma versão mais aprimorada de um trabalho apresentado como requisito parcial para a aprovação na disciplina Metodologia Científica oferecida no Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora, orientado pela monitora Orcione Pereira. Disciplina ministrada pelo professor Fernando Tavares Júnior, no segundo semestre de 2012. Agradecimento especial às alunas Kássia Ribeiro e Rosana Fagundes que muito contribuíram para a análise das músicas.

[2] Mestrando em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF como bolsista CAPES. Bacharel em Ciências Humanas (2012) pela mesma instituição e em Teologia pela Faculdade Unida de Vitória – ES (2011). Desenvolvendo pesquisa na área de ciências sociais da religião, sob a orientação do professor Emerson Sena da Silveira. E-mail: dnney@ibest.com.br

[3] Em entrevista concedida à Rede Record

[4] Vide Anexos 1 e 2

[5] Para melhor entendimento do conceito “ethos guerreiro” ver ANDRADE, 2007.

[6] Minha ênfase

[7] talvez o Mc Ticão ou o D. J. Lucas, pessoas citadas amplamente nas músicas analisadas.

[8] Acesso entre os dia 16 e 17 de Janeiro de 2013.